Dos pés
Diante da
proposta da minha professora da arte da dança do ventre, resolvi tomar pé
(trocadilho besta, né?) do assunto e expor uma opinião. Lá vamos nós.
Começa que
minha opinião não é definitiva nem imutável, mas apenas uma visão que tenho no
momento do que os pés representam para mim.
Os pés são
dois. Não são iguais e jamais pretenderão ser assim. Cada um do seu lado. Mas
um está sempre dependendo do outro.
Não tenho
fetiches com pés. Quanto aos meus, gosto de vê-los. Não os acho feios, mas há
dias em que estão realmente mal-arrumados. Curto unhas pintadas, calcanhares
lisos e hidratados. Já descobri que para ficarem lindinhos como eu gosto,
preciso escolher os calçados certos, senão todo esforço em mantê-los como gosto
são em vão.
Meus pés
andam. Flanam. Passeiam.
Os meus pés
correm. Percorrem. Alcançam.
Estes meus pés
dançam. Respondem ao que minha alma pede. Ao que a vontade ordena. Se ela diz: “vá
ser feliz!” é porque provavelmente está tocando música. Uma melodia. Qualquer
som, nem que seja de colher na panela ou de cascas de coco batendo. Os meus pés
mexem. Logo põem meu corpo no reflexo.
Sinto prazer
através dos pés. Piso na areia da praia e recebo massagem. Sinto a água do mar
e refresco. Depois de um dia cansativo, se os mergulho na bacia de água
morninha, eles levam o relaxamento ao resto do corpo.
Massageio
meus pés. E gosto de neles receber massagem (de preferência quando estão em
ordem, daquele jeitinho que já falei que gosto).
Já fiz
massagem em pés alheios: de amores que tenho e tive. De quem precisava melhorar
a saúde. De quem eu senti que precisava de uma descarga de boa energia através
de um toque amoroso.
Meus pés já
chutaram. Muito! Bola, pedrinha, parede, ar e até barriga – é, isso mesmo. Não
vim de casca de ovo.
Já tive
chulé, unha encravada, calo. Já furei, entrou farpa. Cortei. Ralei. Mas curei. E
estão aqui.
Quando me
alongo, toco neles. Quando medito sentada, eles se juntam. Talvez troquem
confidências. Talvez só troquem energias. Juntos, trocam o passo. E eu, sigo.